PECA 2017

E lá vamos nós de novo !

Fomos contatados em setembro de 2016 pelo Depto. Marketing da Faculdade convidando para pensar numa proposta de registro fotográfico do PECA 2017 e passando os contatos da Coordenadora responsável por essa que seria a 13a. edição.

Alguns dias após uma primeira conversa ao telefone, marcamos de nos encontrar pessoalmente para pontuar quais eram as necessidades e vontades do PECA nessa edição. Naturalmente, a conversa também serviu para trocarmos nossas impressões particulares sobre alguns dos assuntos que estão ao redor daquilo que o PECA atende. Para nos conhecermos e descobrirmos quais nossas afinidades e diferenças – e, disso, construir uma proposta de parceria que fosse coerente para ambos (coordenadora/Comissão e fotógrafo) e para o PECA, principalmente.

A aluna coordenadora contou que um dos grandes desafios que aquela Gestão vinha tendo nos últimos meses para angariar apoios e patrocínios institucionais, era montar, dentre o material fotográfico histórico do Programa Expedições, um conjunto de imagens que representasse, em qualidade/quantidade, amostras certeiras de toda produção/logística envolvida, do ciclo de atendimento do PECA e do quão importante é a realização do Programa Expedições. E assim justificar/convencer, com o auxílio das imagens, os pedidos de apoio e patrocínio para a realização de mais uma edição.

Resolvi então, ao invés de escrever uma proposta grande e montar uma bela apresentação visualmente caprichada, tentar ser bem objetivo.

Escrevi uma carta-depoimento para as/os alunas/os Comissão, contando sobre como o PECA 2013 tinha sido tão transformador em aspectos pessoais e de trabalho. Junto com ela seguiram algumas fotos avulsas e o orçamento de trabalho com todos os valores racionalmente bem explicados.

 

São Paulo, 20 de setembro de 2016

Prezada Comissão Organizadora PECA 2017,

Fui convidado pela Gerência de Comunicação e Marketing da FCMSCSP para avaliar uma proposta de trabalho para o PECA 2017, para que esta fosse apresentada a vocês em mediação feita por eles.
Fui o fotógrafo do PECA 2013, na primeira edição em São Sebastião. Naquela ocasião meu contato foi todo direto com a Comissão, coordenada pela aluna Natália Cançado. Foi uma experiência de trabalho e de vida muito enriquecedora e inesquecível.
Desejo que o resultado em fotografias apresentado naquela época até hoje represente o espírito do PECA. Não só daquela edição, mas do Programa em si.

Em relação a linha de trabalho, vejo que cada edição tem um grande potencial para que o registro fotográfico, tanto quanto o de vídeo, conte uma estória completa não só sobre a dinâmica de atendimentos, mas também sobre as pessoas envolvidas, a estrutura local, as dinâmicas e condições sociais que se fazem presentes e, principalmente, sobre as trocas, compartilhamentos e conexões que se formam de maneira espontânea e natural. A F14 Fotografia procura desenvolver linhas narrativas de fotografia DOCUMENTAL para que o conjunto de imagens não sejam apenas boas imagens ilustrativas, mas ajudem a contar uma estória.

Seria uma grande satisfação e um novo desafio muito interessante voltar a lançar olhares para o PECA na edição 2017, que a seguir estimo custos e proponho uma linha de trabalho.
Estou à disposição para reunir-me com vocês e a Comissão para quaisquer esclarecimentos, refinamento (ou revisão dessa proposta).

Contem com o profissionalismo, a dedicação e o envolvimento que o PECA 2013 já conheceu.

Abraços,
F. Pepe Guimarães | F14 Fotografia

 

Documentação em campo: para fazer junto, estar junto !

O trabalho fotográfico no PECA 2017 foi então produzido com base numa proposta DOCUMENTAL, na qual todo o fluxo de atendimento clínico seria registrado, passando por todas as etapas, de forma a mostrar as dinâmicas que aconteciam do início ao fim dos dias em campo.

Para isso o trabalho estava organizado para atender as etapas: Planejamento pré-Limeira; Registro em campo; Edição/Finalização/Entrega; e a novidade, a efetiva realização de uma Contrapartida Educativa com atividade de cunho fotográfico voltado para crianças, jovens e adultos.

De comum acordo entre Comissão e equipes (foto e vídeo), ficamos instalados no alojamento-dormitório junto com todos os alunos participantes. A idéia era aproveitar a oportunidade para afinar sintonias com o grupo, e contar com parte da estrutura de mesas onde, a cada noite, precisaríamos garantir back-up do material do dia e as pré-edições.

Assim, a biblioteca da escola-alojamento foi nossa reservada casa durante 7 dias.

 

Limeira imagem e memória: uma contrapartida educativa

Para essa edição do PECA a F14 Fotografia propôs e produziu uma atividade livre relacionada à imagem e à memória, durante cerca de 2h30 na própria escola-atendimento.

Através de uma série de imagens históricas da própria cidade (sem que soubessem), retiradas da internet, impressas e colocadas na mesa, participantes seriam convidados a um jogo de reconhecimento do espaço geográfico, ao mesmo tempo que estariam relatando memórias de suas relações com a cidade moravam; alguma memória, algum lugar que tivessem em especial… e os motivos para isso. O objetivo era que a combinação de visão-fala-audição, estimuladas visual e verbalmente ao mesmo tempo, somado ao grau de atenção do próprio participante, provocasse reconhecer Limeira nas imagens e qual parte da cidade mostrava.

Para a F14 o objetivo da atividade era tentar perceber essa tomada de consciência acontecendo e se/como mudaria a condução (ou o assunto) do relato verbal.

Por ter sido feito durante o horário de atendimento a pacientes, eventuais participantes ficaram restritos a acompanhantes em espera e a interessados em geral oriundos da divulgação feita na imprensa local alguns dias antes.

A atividade começou com 1 participante que, segundo relatou, tinha ficado sabendo no dia anterior ao ver nota no jornal enquanto estava no barbeiro.

Outras pessoas se juntaram ao grupo ao longo da atividade, que teve um fluxo final de 5 participantes.

 

Depoimento final

Voltar ao PECA depois de quase 4 anos foi renovar fé que relações interpessoais construídas na coletividade, no respeito e na vontade de produzir juntos são muito inspiradoras !

O período de JAN (campo) a MAI (encerramento) que vivia em 2017 era de bastante sensibilidade em questões pessoais e profissionais, e acredito que essa edição do PECA foi catalisadora de novas percepções de algumas histórias já vividas, e de alguns percursos que tento trilhar nas caminhadas da fotografia profissional.

Da mesma forma como havia sido em São Sebastião (2013), em Limeira 2017 também procurei cada membro/a da Comissão Organizadora pedindo para fazer um retrato individual deles/as. Mas ali no calor do momento nos corredores da escola-atendimento, achei que alguma outra forma de documentação pudesse ser importante para complementar as imagens.

Pedia então, de preferência antes do retrato, que o/a aluno/a membro/a da Comissão desse um depoimento livre sobre o que sentia de estar no PECA; como percebia que participar daquele programa era importante para ele/a na parte acadêmica mas também na pessoal; como sentia que aqueles dias iam reverberar na formação deles como seres humanos.

Algumas vezes fui por outro caminho e perguntei como havia sido a decisão de cursar Medicina/Ciências Médicas, e como vinha sentindo essa empreitada até aquele ponto que estavam do curso.

Algumas das respostas que ouvi mexeram bastante comigo. Respostas muito emocionantes, abertas, sinceras, emotivas. Pessoas que espontaneamente falaram coisas muito íntimas e pessoais que, aparentemente, nem tinham a ver com o PECA em si.

Muito digno da parte delas! Um processo de confiar, de estar junto, de ser solidário, de aceitar se abrir para alguém em depoimento ao mesmo tempo que outras pessoas estavam se abrindo para elas em relatos de consultas, de necessidades clínicas, de cuidados, de dores, da vida.

Essa parte de pedir os depoimentos não fazia parte do combinado de execução do trabalho fotográfico, e quando tive a idéia e fiz uns 2 ou 3 primeiros, cheguei a imaginar que pudessem ajudar a compor algum material para a Mostra ou a entrega final. Mas a medida que fui fazendo os do grupo todo, percebi que não… que aqueles depoimentos tinham outro sentido: o de motivar reflexões individuais. Tanto em quem respondia quanto (e muito) em quem perguntava. E isso já era lindo demais !

Se a história da F14 com o PECA terminasse ali eu estava muito feliz.

Mas o que eu desejava de verdade era continuar com essa história. Ir a campo com o PECA, editar/montar materiais fotográficos, buscar conexões e inspirações, refletir…Um caminho que desejava ser ainda bem longo, como se ainda nem desse para ver além daquela curva que estava ali logo adiante…

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