“Se estava com medo? Mais que a espuma das ondas, estava branco, completamente branco de medo. Mas, ao me encontrar afinal só, só e independente, senti uma súbita calma. Era preciso começar a trabalhar rápido, deixar a África para trás, e era exatamente o que eu estava fazendo. Era preciso vencer o medo; e o grande medo, meu maior medo na viagem, eu venci ali, naquele mesmo instante, em meio à desordem dos elementos e à bagunça daquela situação. Era o medo de nunca partir. Sem dúvida, este foi o maior risco que corri: não partir.” (Amyr Klink – Cem dias entre céu e mar , 1985 – Cia das Letras / Cia de Bolso). Em Outubro de 2010 fui ao Rio de Janeiro abastecer de origens pessoais alguns medos e dúvidas que vinha sentido em relação a futuro e trabalho. A F14 Fotografia já funcionava vagarosamente mas ainda não existia de fato. No dia de voltar a SP acordei cedo para ver o dia raiando na praia. Sair para mar aberto foi a melhor cena que poderia ter me aparecido naqueles dias.